A juíza Maria Carla Dourado de Brito, da 10ª Vara do Trabalho do Recife, condenou o Náutico a pagar aproximadamente R$ 800 mil ao técnico Hélio dos Anjos, devido à sua demissão por justa causa em 2021. A decisão judicial entende que a conduta do treinador não justificava a demissão nos moldes alegados pelo clube, obrigando o Timbu a arcar com as verbas rescisórias e uma indenização por danos morais. O clube pernambucano ainda pode recorrer da decisão.
Processo Judicial e Contexto da Demissão
A informação foi inicialmente divulgada pelo radialista Wellington Araújo e confirmada pela reportagem. O Náutico encontra-se atualmente em processo de Recuperação Judicial, o que suspende temporariamente ações e execuções contra o clube.
Entenda o Caso
Após a derrota do Náutico para o Retrô nos Aflitos, por 2x1, pelo Campeonato Pernambucano de 2022, membros de uma torcida organizada invadiram o vestiário para cobrar os jogadores e a comissão técnica, gerando confusão. Guilherme dos Anjos, filho de Hélio e então auxiliar-técnico, criticou a estrutura do clube e os atrasos salariais em uma postagem no Instagram, o que resultou em sua demissão comunicada pela diretoria.
No dia seguinte, Hélio dos Anjos também foi demitido por justa causa, com o clube alegando que a postura dos profissionais havia afetado a imagem do clube. No entanto, a juíza entendeu que a demissão ocorreu por conta de uma “animosidade” pessoal entre o treinador e o então presidente alvirrubro, Diógenes Braga.
Fundamentação da Decisão
No documento judicial, a juíza declarou:
“À luz de todos os fundamentos acima, tenho que não restou comprovada a prática de qualquer falta grave pelo Reclamante (Hélio dos Anjos) capaz de legitimar a aplicação de penalidade máxima prevista pelo Legislador, pelo que declaro, em face da desconstituição dos fundamentos utilizados para a justa causa aplicada pelo Reclamado”.
A decisão judicial aponta que não houve falta grave por parte de Hélio dos Anjos que justificasse a demissão por justa causa. Com isso, o Náutico deve pagar as verbas rescisórias e a indenização por danos morais, totalizando cerca de R$ 800 mil.
Possibilidade de Recurso
Os pernambucanos ainda têm a possibilidade de recorrer da decisão, prolongando a disputa judicial. O caso traz à tona a complexa relação entre clubes e técnicos, além dos desafios enfrentados pelo Náutico em meio ao processo de Recuperação Judicial.
Impacto no Náutico
Esta decisão adiciona mais um capítulo à turbulenta trajetória recente do Náutico, que além das questões financeiras e administrativas, agora enfrenta uma significativa condenação judicial. O pagamento da indenização pode agravar ainda mais a situação financeira do clube, já comprometida.
A condenação ressalta a importância de uma gestão mais equilibrada e transparente nos clubes de futebol, prevenindo conflitos e garantindo que as relações trabalhistas sejam conduzidas de maneira justa e profissional.
Considerações Finais
O caso envolvendo Hélio dos Anjos e o Náutico serve como um alerta para a necessidade de melhores práticas de gestão e de relações trabalhistas no futebol brasileiro. A condenação do clube a pagar R$ 800 mil reforça a seriedade com que o Judiciário trata as demissões por justa causa e a proteção dos direitos dos trabalhadores, inclusive no esporte.
Fique atento às próximas movimentações deste caso e às decisões que podem vir a seguir, impactando tanto o futuro do Náutico quanto a carreira de Hélio dos Anjos.